Ser ou não ser, eis a questão!
Por volta de 1600, William Shakespeare criou um personagem chamado Hamlet, que vivia um conflito absurdo movido pelo desejo de vingar a morte de seu pai, o rei da Dinamarca, matando seu tio, suposto assassino, que havia se casado com sua mãe para herdar o trono.
Todo o conflito dessa tragédia inglesa é retratado até hoje e fartamente discutido nos meios culturais e artísticos, levando-se em conta a latência do sofrimento advindo de traições, ódio, desejos de vingança e questões morais.
Mais de 400 anos depois, essa arte que imita a vida, continua eficiente em seus objetivos, afinal, no mundo corporativo, a cada dia em que administramos uma empresa, podemos também escrever uma novela shakespeariana, onde o conflito entre o bem e o mal também seja o contexto.
Afinal, administrar empresas requer habilidade e capacidade de gerir conflitos resultantes do relacionamento humano.
Shakespeare também tinha dúvidas do que fazer com seu personagem, por isso, nessa tragédia, a hesitação de Hamlet em vingar a morte do pai, parecia ser uma forma de postergar o sofrimento, assumindo mais dor para si. Isso acontece todos os dias dentro da empresa onde o caminho que se irá percorrer não é conhecido por seus líderes ou colaboradores e a decisão é demasiadamente adiada, trazendo mais prejuízo e desgaste ao grupo.
No relacionamento interno na empresa, encontramos muitas divergências culturais que podem implicar em conflitos por choques de interesses, considerando a vontade individual, do grupo ou da organização.
O combustível mais comum para incendiar-se um conflito é a falha na comunicação, onde a missão e os valores da empresa não são bem divulgados em todos os níveis, fazendo com que seus integrantes não saibam bem a quem seguir ou qual a direção mais assertiva a ser seguida. As ansiedades advindas do desejo de acertar são inflamadas com as frustrações de não se conseguir realizar aquilo que se almeja.
O choque entre o certo e o errado muitas vezes é mais agressivo do que se pode imaginar, afinal o que é certo para um pode não ser entendido como certo para outro e assim o conflito se arraiga em solo podre, mas fértil.
Mudanças de estrutura ou de cenário, muitas vezes causam conflitos entre os colaboradores por conta das decisões que devem ser tomadas racionalmente envolvendo pessoas.
E o que fazer para melhorar o ambiente e diminuir os níveis de conflitos?
A inveja mata, diz o ditado. A intriga, a infidelidade de propósitos, a falta de personalidade, de convicção, de ética, a mentira, o descompromisso, a falsidade, a corrupção, a imoralidade, a ignorância e o desrespeito são palavras duras que tentam apadrinhar os conflitos dentro de uma empresa. Desta forma, podemos dizer que, livrando-nos desses males, tenderíamos a conseguir realizar muito mais dentro de nossas propostas num ambiente muito mais feliz.
Tenho dito que ao invés de apontarmos as falhas, podemos dizer o que queremos, assim não há culpado, mas responsável. Mas não é simples como se parece.
Manter o clima de união e respeito na empresa é matéria de liderança mesmo, coisa para gente grande, capaz de transformar o mundo num lugar melhor. Esse líder tem que aperfeiçoar a sua capacidade de comunicação, mas principalmente sua habilidade de ouvir para fazer-se ser ouvido.
O Feedback é a melhor ferramenta nestes casos, pois na prática, não contendo nenhuma opinião pessoal, mas mostrando apenas o fato e a conseqüência, deixará para o responsável, a possibilidade de trabalhar as suas próprias conclusões sobre seus atos. Nesse aspecto, é comum dentro de organizações que experimentam conflitos constantes, encontrarmos falsos líderes que criticam os resultados sem dar nenhuma alternativa para a conquista do êxito desejado. Esses mesmos líderes deveriam se preocupar em alcançar soluções onde todos ganham, mesmo com a perda ocorrida, abrindo mão de seus preconceitos ou estereótipos de sucesso.
Conciliar não significa aceitar, mas apenas a possibilidade de se tentar atingir o equilíbrio entre as forças negativas do conflito, traduzindo em resolução. A honestidade e o respeito são as melhores armas para a vitória pretendida nessa batalha de interesses.
O fogo do conselho
Um hábito indígena conhecido pelos escoteiros consistia em sentar-se ao redor do fogo em grupos, onde os velhos chefes, sábios, vividos e experientes, faziam-se ser ouvidos em seus conselhos, participando das histórias e experiências também vividas pelo grupo.
Analogamente, temos experimentado reuniões onde o CoachingOurselves é a técnica usada para se conseguir um melhor resultado do grupo, por conta do interesse em encontrar soluções coletivamente. As análises de cenário e as experiências são trocadas e todos ganham. Isso é muito bom.
Garanto que os conflitos existem para que consigamos superá-los, trazendo soluções de fortalecimento de nossas convicções e sabedoria para nossa superação profissional.
Pense nisso!
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