Quanto tempo dura um custo?
Alguém pode pensar que um rolo de papel higiênico nunca acaba, porque não é ele quem troca. Então como medir um custo sem agregá-lo ao tempo?
Supondo que queiramos entender quanto custa vender um litro de gasolina no Posto de Combustíveis, teríamos que adicionar à essa conta de apuração, o período compreendido na etapa de geração do custo e de conclusão ou efetivação. Tem quem chame isso de “competência” ou “caixa”.
É, mas, mesmo assim, procure no Google e você
não encontra um para aliviar essa dúvida.
O preço do rolo de papel higiênico não muda ao longo do tempo em que ele está no armário ou pendurado no suporte. Mas para o dono da casa, quantas vezes ele é reposto pelo uso, isso sim dá muita diferença.
É saber que na gestão de custos o resultado muda
de acordo com a interpretação.
As despesas ocorrem todos os dias, até por hora, como salários, por exemplo, mas convencionamos saldá-las mensalmente. As fontes de receitas também são diárias, quando estamos faturando, mas igualmente condicionamos nossas políticas de recebimento, em parte, para satisfação mensal, como no caso dos cartões de crédito ou vendas a prazo.
Esse tempo que ocorre entre a geração da despesa até o seu pagamento, cria uma necessidade de capital para suportar essa defasagem, um fluxo que corresponde à distância entre a "competência" e o "caixa". Essa necessidade analítica se chama NLCG (necessidade líquida de capital de giro) e é muito importante conhecê-la.
Existem várias formas de interpretar isso, mas a mais correta para o seu Posto de Combustíveis é:
NLCG = CONTAS A RECEBER + ESTOQUES - CONTAS A PAGAR
Se esse número for negativo e essa diferença não estiver sobrando no caixa, seu Posto está pedindo aporte financeiro.
Mas voltando ao assunto do custo, que é o que interessa...
Suponha que o seu Posto de Combustíveis tem uma despesa fixa de R$80.000,00/mês, compreendendo vários custos (não vamos nos ater a isso aqui). Se ele não movimentar nada de vendas, será esse mesmo custo e ponto final. Mas ele movimenta, e isso oferece um rateio nesses custos por litro de combustíveis vendidos.
Por exemplo, sendo este um bom indicador para o proprietário poder precificar seus produtos para venda e ainda seguindo o raciocínio, se ele vendeu dentro do mês apurado o volume de 100.000 litros, ele poderá saber que cada litro custou R$0,80 só na operação, que terá que ser adicionado ao preço de custo do combustível para se chegar ao preço de venda. Isso começa a ficar mais claro?
Então se o Posto aumenta o volume sem aumentar seus custos fixos, cada litro terá uma despesa menor? Sim, em partes. Existem alguns custos que variam conforme a receita. Por exemplo, impostos e tarifas de cartões de crédito. Sendo assim, adicione proporcionalmente alguns centavos por litro só para isso, mas em percentuais.
Logo, conseguimos ver por aí a Revenda se digladiar atrás de uma margem bruta operacional pífia de R$0,20 a R$0,30 centavos por litro.
Parece que a conta não fecha nunca.
Então vamos aumentar o volume de vendas, baixando preços e conseguimos 200.000 litros/ mês com o mesmo custo fixo. Bingo, conseguimos ratear em R$0,40 de despesa por litro.
Ahhhhhh! Quer dizer que, se um Posto vende em média 200.000 litros, com uma despesa restrita em R$80.000,00 mensal e tem uma margem de 10% bruta, lá pelas casas de $0,39 a R$0,40 entre Etanol e Gasolina ele precisaria vender: $80.000/0,39= 205.128 litros só para ficar no ponto de equilíbrio, conhecido como zero a zero.
O que fazer então para reverter essa conta do inferno?
O dono da casa guarda o papel higiênico no armário com chave. Já o dono do Posto, deve atribuir pesos à essas despesas e ao ciclo temporal delas, considerando efetivar lançamentos num plano de contas correto no seu sistema gerencial, mas não em quaisquer planos, que o faça em um plano correto, onde contas de resultado não se confundam com contas de balanço. Isso é básico e é lei na gestão de indicadores de resultados.
Logo, no nosso exercício, que espero não seja o seu, encontramos um ponto de equilíbrio próximo de 200.000 litros, cujo volume é acima da média de vendas por posto no Brasil.
Por isso, amigo Revendedor, fique ligado nos indicadores de gestão do seu negócio, porque fora desse exercício com linguagem simples, a gestão não perdoa ignorância.
Além do comum, precisaremos incluir nessa lista de despesas básicas, um pouco mais de contas, como estas:
Custo e valorização de estoques; perdas de inventários, atendimento das exigências fiscais, ambientais e legais; desejo de margem para atender o investimento, custo com planejamento, com desinformação, com falhas de processos, perdas, danos, roubos, evaporação, fretes, inadimplência, custo do capital de giro, depreciação do capital investido, análises de passivos intangíveis, provisões de férias, décimo terceiro e indenizações dos 40% do FGTS e férias, planos de marketing, planos de fidelidades, tarifas de antecipação financeira e custo financeiro do prazo de compra, e agora, o convívio com a distinção nos preços de custo dos combustíveis como presente das distribuidoras ou ainda, uma pá de cal na cova dos leões.
Que tal estudarmos juntos essa matéria e encontrarmos soluções simples de gestão por indicadores, compreendendo a composição correta dos custos envolvidos no nosso trabalho?
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